Bicho-de-sete-cabeças

Á medida que envelheço

as sete cabeças do bicho

corto. Enfim o reconheço

íntimo de mim, meu próximo.

 

Á medida que envelheço

conquisto-lhe o segredo.

Vejo a morte iniciação

á viagem pelo avesso.

 

Á medida que envelheço

digo: o bicho é meu amigo.

Não, não há porque maldar

envenenando o sossego.

 

Á medida que envelheço

sinto-me remanescente

num deserto onde tropeço

por entre sombras de ausentes.

 

Á medida que envelheço

aprendo a perder o medo.

Todo bicho fica meigo.

É só botar no colo.

Seven-Headed Beast

The more I age

the more heads I snip from the seven

headed beast. And then I recognize him,

my intimate, my neighbor.

 

The more I age

the more I penetrate his secret.

I see death as an entrance

to a journey in reverse.

 

The more I age

the more I say: the beast is my friend.

No, there is no reason to curse,

poisoning this peacefulness.

 

The more I age

the more I feel myself a residue

in a desert where I flounder

among shadows of those absent.

 

The more I age

the more I learn to lose my fear.

All beasts grow tender.

Just take it to your breast.

(Translation into English by Alexis Levitin)

Previous
Previous

No colo do anjo

Next
Next

O clã dividido